quarta-feira, 16 de março de 2011

PARA ONDE FOI O NOSSO CENTAURO NO JARDIM

                                                      
            - Scliar, o que é preciso fazer para saber escrever?
            - Fundamentalmente escrever.
            A enganosa obviedade da resposta, dada a um vestibulando numa palestra sobre redação, define a visão objetiva de um ficcionista que tão bem soube conduzir a subjetividade da recriação da realidade em seus inúmeros contos e romances. E foi assim, escrevendo, que aquele  menino, filho de uma família judia que emigrou da Rússia, no início do século XX, começou sua história de ficcionista, fusionando literatura e realidade no livro “Histórias de médico em formação”, obra publicada em 1962 e que relata suas experiências pessoais como estudante de medicina. Desde então, passou a conduzir seus leitores por um mundo fantástico, onde as palavras passam a ter múltiplos significados e, assim, nesse Ciclo das Águas, enfrentamos uma Guerra no Bom Fim,  mas sempre sabendo que jamais seríamos o Exército de um homem só, porque, afinal, Scliar sempre tinha Histórias para (quase) todos os gostos e, ao final, sempre teríamos nossa Festa no Castelo. E é exatamente essa magia que nos leva a fugir desse Mês de cães danados, a buscar nas  Memórias de um aprendiz de escritor a mensagem que fica do homem que se foi:  Agora não mais importa o que fizeram de ti .E sim, o que tu vais fazer com o que fizeram de ti...”
            Moacyr Scliar foi certamente um ficcionista que ajudou a construir muito daquilo que sou e, certamente, é responsável por muito daquilo que você é, leitor. Ele, como afirmava o filósofo francês Georges Gusdorf, utilizou a linguagem para nos fornecer a senha de entrada no mundo humano. Entender essa magia, ajuda a dirimir a dor pela ausência  do nosso Centauro no Jardim.
                                                                                                         Prof. Paulo Cervi

Nenhum comentário:

Postar um comentário