quarta-feira, 13 de abril de 2011

FACTOIDES CULTURAIS

*Prof. Paulo Cervi
- Você viu? A Maria ganhou o BBB11. Achei legal. Estava torcendo por ela.
- Maria? Mas, afinal, quem é essa tal de Maria de que você tanto fala?
É claro que algumas pessoas não têm a menor ideia de quem seja essa Maria, vencedora do BBB. Talvez até existam aqueles que desconheçam o significado dessa sigla – BBB. Mas vamos combinar que essas pessoas estão longe de um aparelho de comunicação chamado televisão e, naturalmente, de todo e qualquer outro meio de informação. Isso certamente não é o meu caso e nem o de você, caro leitor. Ainda que torçamos o nariz para certos tipos de programas e até tenhamos a possibilidade de trocar o canal ou simplesmente desligar o televisor, sempre haverá um amigo, um colega, ou um parente a nos colocar a par do que preferíamos não ver ou ouvir. Por isso, fingir desconhecimento não é exatamente um indicativo de qualificação cultural ou uma espécie de senha para que nosso interlocutor saiba com quem está falando. Parece mais uma tentativa de preservação da imagem no meio social, mesmo que tenha passado duas horas do dia anterior “mariando” sigilosamente na intimidade do lar. Pode-se perfeitamente discutir a qualificação de grande parte da grade de programação dos meios de comunicação, sem que isso justifique equivocadamente o desconhecimento de ações ou personagens desses eventos.
Esse comportamento de fachada acaba se justificando porque ao conceber cultura como um relacionamento inteligente, não raro omitimos conceitos e cerceamos preferências, construindo deliberada e necessariamente – em função dessa concepção – uma imagem falaciosa em nosso meio pessoal e profissional, pois a construção do processo de comunicação passa a ser definida pelo emissor não exatamente por aquilo que pensa, mas pela preocupação com a imagem que irá construir para o receptor. Começamos assim – ou continuamos – a formatar nossa imagem de factoides culturais.

*Prof. de Português, Literatura e Redação
www.manoamanocursos.com.br

quarta-feira, 6 de abril de 2011

SER OU REPRESENTAR

*Ana Lucia Cervi Prado
 
Em nosso cotidiano assumimos diversos papéis como, por exemplo, no caso da mulher, o de
mãe, o do lar, o da esposa, o da filha, o da profissional e por aí afora. Podemos pensar que
somos um mosaico, um quebra cabeças. E somos mesmo, porém devemos observar que há
um “ponto de ligação” que não representa papel algum, que é a nossa essência, a nossa alma!
Construímos nossas vidas à custa desses papéis e medimos o nosso sucesso pelo resultado
que alcançamos em cada um deles. Não raro fazemos isso querendo convencer que somos
vitoriosos. Corremos, buscamos a melhor forma de aparecer, de agradar, de passar sob o crivo
do julgamento das pessoas que nos interessam a opinião. Sabotamos o nosso eu, a nossa
essência em nome da imagem e esquecemos o nosso “ponto de ligação”.
O livro O Efeito Sombra, do neurocientista e filósofo Deepak Chopra, fala a esse respeito:
queremos tanto ser alguém, que projetamos um ser que está fora de nós e a distância que
se estabelece entre o que queremos ser e o que somos gera uma sombra que se deixarmos
crescer muito, em um dado momento, ela nos assombrará. Queremos buscar fora o que já
está dentro, desprezamos o nosso íntimo, a nossa alma, porque acreditamos em um modelo
que vende fácil no mercado.
Na busca de sermos diferentes, acabamos sendo iguais...meras cópias...não somos nós
verdadeiramente. Sim, porque cada um de nós é único! Por que insistimos em esquecer?
Existe um código que Deus nos deu e esse é imexível: é a nossa alma. Só nós conhecemos esse
código que é de propriedade intransferível e, por isso, de nossa total responsabilidade!
Se pararmos para pensar, é só lá na nossa alma que somos nós verdadeiramente. E é a nossa
alma que Deus conhece e não o que representamos. Se esquecemos quem somos nós, então
estamos doentes, estamos optando pelo lado sombrio de nossas vidas.
Parece-me que esse mal domina a humanidade. Basta lermos e ouvirmos as notícias que
(ainda) nos chocam a cada dia, onde, por exemplo, pessoas que ocupam cargos que deveriam
no trazer segurança são pegos no seu comportamento mais sombrio e escondido, no papel da
contravenção, significando que perderam seus “pontos de ligação”.
Com quem estamos lidando? Com quem eu estou lidando? Seria “eu” uma farsa, uma imagem
projetada no espelho, na fotografia do jornal, na tela da televisão? Ou o que vejo é o fruto
da minha construção interna, do que tenho de melhor em essência que se manifesta em cada
papel que assumo pela minha vida afora? Só a partir de um autoexame é que podemos nos
remeter exatamente ao centro e daí assumirmos o controle de nossas vidas. Ah...e isso tem
que ser feito todo dia, tem que fazer parte da nossa higiene corpomental (corpo e cérebro).
 
*Profª Drª em Ciências da Saúde
Consultora do Mano a Mano Cursos