quinta-feira, 21 de julho de 2016


O Vendedor de Palavras 
Por Fábio Reynol
Ouviu dizer que o Brasil sofria de uma grave falta de palavras. Em um programa de TV, viu uma escritora lamentando que não se liam livros nesta terra, por isso as palavras estavam em falta na praça. O mal tinha até nome de batismo, como qualquer doença grande, “indigência lexical”. Comerciante de tino que era, não perdeu tempo em ter uma ideia fantástica. Pegou dicionário, mesa e cartolina e saiu ao mercado cavar espaço entre os camelôs.
Entre uma banca de relógios e outra de lingerie instalou a sua: uma mesa, o dicionário e a cartolina na qual se lia: “Histriônico — apenas R$ 0,50!”.
Demorou quase quatro horas para que o primeiro de mais de cinquenta curiosos parasse e perguntasse.
— O que o senhor está vendendo?
— Palavras, meu senhor. A promoção do dia é histriônico a cinquenta centavos como diz a placa.
— O senhor não pode vender palavras. Elas não são suas. Palavras são de todos.
— O senhor sabe o significado de histriônico?
— Não.
— Então o senhor não a tem. Não vendo algo que as pessoas já têm ou coisas de que elas não precisem.
— Mas eu posso pegar essa palavra de graça no dicionário.
— O senhor tem dicionário em casa?
— Não. Mas eu poderia muito bem ir à biblioteca pública e consultar um.
— O senhor estava indo à biblioteca?
— Não. Na verdade, eu estou a caminho do supermercado.
— Então veio ao lugar certo. O senhor está para comprar o feijão e a alface, pode muito bem levar para casa uma palavra por apenas cinquenta centavos de real!
— Eu não vou usar essa palavra. Vou pagar para depois esquecê-la?
— Se o senhor não comer a alface ela acaba apodrecendo na geladeira e terá de jogá-la fora e o feijão caruncha.
— O que pretende com isso? Vai ficar rico vendendo palavras?
— O senhor conhece Nélida Piñon?
— Não.
— É uma escritora. Esta manhã, ela disse na televisão que o País sofre com a falta de palavras, pois os livros são muito pouco lidos por aqui.
— E por que o senhor não vende livros?
— Justamente por isso. As pessoas não compram as palavras no atacado, portanto eu as vendo no varejo.
— E o que as pessoas vão fazer com as palavras? Palavras são palavras, não enchem barriga.
— A escritora também disse que cada palavra corresponde a um pensamento. Se temos poucas palavras, pensamos pouco. Se eu vender uma palavra por dia, trabalhando duzentos dias por ano, serão duzentos novos pensamentos cem por cento brasileiros. Isso sem contar os que furtam o meu produto. São como trombadinhas que saem correndo com os relógios do meu colega aqui do lado. Olhe aquela senhora com o carrinho de feira dobrando a esquina. Com aquela carinha de dona-de-casa ela nunca me enganou. Passou por aqui sorrateira. Olhou minha placa e deu um sorrisinho maroto se mordendo de curiosidade. Mas nem parou para perguntar. Eu tenho certeza de que ela tem um dicionário em casa. Assim que chegar lá, vai abri-lo e me roubar a carga. Suponho que para cada pessoa que se dispõe a comprar uma palavra, pelo menos cinco a roubarão. Então eu provocarei mil pensamentos novos em um ano de trabalho.
— O senhor não acha muita pretensão? Pegar um…
— Jactância.
— Pegar um livro velho…
— Alfarrábio.
— O senhor me interrompe!
— Profaço.
— Está me enrolando, não é?
— Tergiversando.
— Quanta lenga-lenga…
— Ambages.
— Ambages?
— Pode ser também evasivas.
— Eu sou mesmo um banana para dar trela para gente como você!
— Pusilânime.
— O senhor é engraçadinho, não?
— Finalmente chegamos: histriônico!
— Adeus.
— Ei! Vai embora sem pagar?
— Tome seus cinquenta centavos.
— São três reais e cinquenta.
— Como é?
— Pelas minhas contas, são oito palavras novas que eu acabei de entregar para o senhor. Só histriônico estava na promoção, mas como o senhor se mostrou interessado, faço todas pelo mesmo preço.
— Mas oito palavras seriam quatro reais, certo?
— É que quem leva ambages ganha uma evasiva, entende?
— Tem troco para cinco?


quinta-feira, 14 de julho de 2016

Sendo, considerado um alimento funcional, a castanha além de saborosa, possui altas propriedades benéficas para a saúde, importante para prevenção de doenças e essencial para manter sua saúde em dia. #dicamanoamano #manosaúde


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Sucesso não vem para quem é inteligente, mas sim para quem se esforça

Nós temos uma tendência a acreditar que ter sucesso na vida é coisa para gente muito inteligente. Pessoas que possuem algum dom ou talento especial e que por serem "melhores" que os outros de destacam tanto na vida acadêmica como profissional. Certo? Errado! A psicóloga e pesquisadora da Universidade de Stanford, Carol Dweck, que estuda motivação e perseverança desde os anos 60 garante: focar apenas na inteligência e no talento pode deixar as crianças desmotivadas e como medo de aprender, enquanto ressaltar avanços e persistência irá produzir grandes empreendedores.
 Já publicamos aqui no blog sobre alguns estudos conduzidos por Dweck.  A pesquisadora reuniu alunos do quinto ano, os dividiu aleatoriamente em dois grupos, e os fez trabalhar em problemas de um teste de QI.  Ao final do teste, ela elogiou o resultado das crianças de maneira diferente. O primeiro grupo foi elogiado por sua inteligência:  "Uau, isso é realmente uma boa pontuação. Você deve ser muito inteligente para conseguir isso. " O segundo grupo foi elogiado por seu esforço:  "Uau, isso é realmente uma boa pontuação. Você deve ter se esforçado muito para conseguir isso." 
Resultado: à medida que os exercícios propostas foram ficando mais difíceis, as crianças elogiadas pelo seu empenho continuaram confiantes e motivadas para aprender. Já as crianças elogiadas pela inteligência queriam continuar com as tarefas mais fáceis, já que com dificuldade de encontrar soluções para os problemas mais complexos, se sentiam totalmente fora da sua zona de conforto. (Afinal de contas, elas não SÃO inteligentes?)
Em outro estudo, durante dois anos, os pesquisadores visitaram cinquenta e três famílias para registrar suas rotinas. As crianças tinham 14 meses de idade no início do estudo. Os pesquisadores, então, observaram como eram os elogios dos pais: uns enalteciam o esforço, outros os traços de caráter e ainda haviam outros que elogiavam de forma neutra como palavras como “Que bom!", "Uau!", "Legal".
Depois de cinco anos estas mesmas crianças foram entrevistadas, agora com 7-8 anos de idade. A conclusão? Crianças que tinham ouvido mais elogios pela sua persistência eram as mais interessadas em desafios. Para os perserverantes o foco do trabalho deve ser em encontrar os erros cometidos ao longo do processo e em tentar corrigi-los para avançar. 
Mas agora vamos ao que interessa, como podemos ajudar nossos filhos a desenvolver a capacidade e o desejo de se esforçarem?
Aqui algumas dicas práticas: 
- Fique de olho no tipo de elogio que você está fazendo. Lembre-se dos estudos citado acima. Em vez de enaltecer apenas os resultado, elogie o processo para chegar no resultado. "Que bom que você tentou diferentes estratégias para conseguir resolver isso", " Eu vi que você não desistiu mesmo sendo tão difícil ." "Nossa, que boa nota, seus esforços fizeram efeito!"
-  Tente estimular nos seus filhos uma mentalidade de desenvolvimento e desejo de aprender - o termo em inglês usado por Dweck é "growth mindset". Se as crianças acreditarem que o sucesso é resultado direto do quanto são (ou não) inteligentes, a motivação para tentar se esforçar acaba, já que o sucesso está "pre-destinado" para que tentar, então?  
- Poder errar é uma benção! Não deixe que eles acreditem que fracassar é algo horrível. Pelo contrário, mostre que o erro nada mais é do que um desafio que deve ser superado. Não há razão para ter vergonha de errar, se o erro nos fará progredir. Além disso, todo mundo falha, fica confuso e se sente frágil em determinados momentos da vida - temos que ensinar nossos filhos a ficarem "numa boa" quando esses sentimentos aparecerem. Eles se tornarão pessoas muito vulneráveis se acreditarem que não podem falhar nunca! 
- Conte histórias de sucesso que enfatizem trabalho duro e o desejo de aprender. Ensine ao seus filhos que o cérebro é uma "máquina de aprendizado" -quanto mais você usá-lo, mais forte ele fica. 
Ensine aos seus filhos que eles podem ser tão inteligentes quanto eles quiserem. 

terça-feira, 3 de maio de 2016


Exemplos de Redação NOTA 10 - aluna Mano a Mano do curso de Redação da profª. Carla Mano


TEMPO É CONHECIMENTO

                O desejo é algo que não vem sozinho, pois quando se deseja determinado objeto ou objetivo dificilmente o obtém de imediato ou sem se empregar algum tipo de esforço. Assim, o resultado vem, na melhor das hipóteses, acompanhado de alegrias, mas o esforço, independente do resultado, vem amparado pela sabedoria.
                O trabalho realizado em prol de um objetivo requer sacrifício. Por exemplo: para comprar um carro é necessário trabalhar para receber o salário no fim do mês e talvez “abrir mão” de gastos que trariam certo prazer, como ir ao cinema ou ainda, o estudante que almeja aprovação no vestibular deve “sacrificar” horas de diversão para estudar. Em ambos os casos o tempo dedicado a conquistar essas metas é maior do que o tempo gasto comemorando a realização delas. E é nesse espaço de tempo que reside a sabedoria.
                Tal sabedoria vem das mais variadas formas, seja em ter que controlar o consumismo, seja em aprender a ter paciência na conquista de um objetivo, pois, fazendo uma analogia, os edifícios mais estáveis e seguros são aqueles que possuem um bom alicerce. Assim, buscando apenas o resultado deixa-se de valorizar os aprendizados essenciais à edificação pessoal do indivíduo, além de priorizar o caráter efêmero do resultado.
                Logo, o valor de uma conquista está no esforço empregado para alcança-la, pois ao se doar para algo se está suscetível aos maiores aprendizados. Com isso, o resultado é apenas o topo do edifício que brilha e encanta, pois a parte fundamental está na base que sustenta esse esplendor!

Redação da aluna Lauren Colpo.

 Tema -  O que deve ser valorizado: o esforço ou o resultado?
EDUCAR PARA NÃO PUNIR


            A mecânica Newtoniana e suas expressivas leis estão mais presentes no cotidiano do que se imagina. A Terceira Lei de Newton – Ação e Reação – rege a vida em sociedade. Assim, quando se quer reduzir a maioridade penal se está atuando na reação de um conjunto de atos, mas não seria mais sábio e eficiente atuar nas suas causas?
            Tal problemática tem como principal razão a carência de investimentos no setor educacional. Assim, é lamentável que muitos jovens não tenham uma educação de qualidade ou até mesmo acesso a ela. Desse modo, é compreensível que muitos, por falta de perspectivas, envolvam-se com drogas, homicídios, entre outros crimes. Embora muitos julguem ser uma questão de escolha, é válido ressaltar que muitas vezes tais indivíduos possuem poucas opções e por serem muito jovens escolhem o caminho “mais fácil”.
            Já como efeito disso, ocorre o aumento da violência devido à inimputabilidade desses jovens, ou melhor, punições brandas que criam a sensação de impunidade tanto para o jovem, quanto para a sociedade. Esta, por sua vez, encontra-se amedrontada e passa a desenvolver sentimentos de ódio. Assim, cria-se um ciclo vicioso no qual todos são vítimas.
            Logo, acreditar que a redução da maioridade penal acabará com a violência é uma utopia, pois não se pode acabar com o efeito se a causa continua a existir. Por isso,  a educação é a melhor arma e cabe à sociedade exigir do governo maior atenção e investimentos na educação de base. Além disso, projetos sociais com o auxílio da mídia – que mostrem o cotidiano desses jovens – ajudarão a conscientizar, de forma mais humana, a sociedade para que o ódio não prevaleça em seus julgamentos.


Redação da aluna

Lauren Colpo