sexta-feira, 21 de março de 2014

Por que os adolescentes precisam dormir mais

Quem nunca, no tempo de escola, sentiu um sono incontrolável durante aquela aula de química? A verdade é que os olhinhos pesados dos adolescentes têm relação com as distrações do mundo moderno e com o hábito de ir para cama cada vez mais tarde. Mas, conforme defendeu o neurocientista Russel Foster, professor da Universidade de Oxford, em recente artigo na New Scientist, pesquisas comprovam que os jovens precisam de mais tempo de sono que os adultos para se recomporem. A discussão é tão grande no Reino Unido e nos EUA que algumas escolas têm postergado o início de suas atividades para mais tarde na manhã e têm conseguido que seus alunos tenham melhores resultados acadêmicos.
Um dos exemplos mais recentes foi o da UCL Academy, em Londres, uma escola que abriu em setembro passado já com a proposta de começar as aulas às 10h, em vez do horário tradicional, entre 7h e 9h – foi até chamada de “A Escola dos Sonhos” na imprensa local, por deixar os alunos dormirem. A justificativa dada pelos responsáveis da escola, na época do lançamento, é que o horário respeita as necessidades de sono dos adolescentes. Nos EUA, que adota horários diferentes para a entrada dos alunos, uma pesquisa da Universidade de Minessota mostrou que alunos que entram mais tarde têm resultado melhor, frequentam mais as aulas, cochilam menos e se sentem menos deprimidos.
Os resultados, explica Russel, têm a ver com a própria biologia humana. “As horas do sono humana, como a de outros mamíferos, mudam conforme a idade. Assim que a puberdade começa, a hora de dormir e acordar fica mais tarde”, afirma o pesquisador, que ressalta que essa tendência continua até os 19,5 para as mulheres e 21 para os homens. “Na média, isso significa que, para um adolescente, o despertador às 7h é o mesmo que às 5h para uma pessoa aos 50”, afirma. Os motivos para essa mudança, diz ele, não estão muito claros, mas se relacionam com as com alterações hormonais da puberdade e com o declínio nos hormônios à medida que o tempo passa.
Russel cita ainda um estudo da pesquisadora Mary Carskadon, da Brown University (Rhode Island), pioneira na análise dos sonos dos adolescentes. A professora afirma que os jovens precisam de 9 horas de sono por noite para manter o grau de alerta necessário para um dia de estudo, ao passo que é muito normal que eles durmam apenas 5 horas por noite. Entender a fisiologia dos jovens pode ajudá-los a terem melhores resultados na escola, garante o neurocientista, mas que também dá um alerta. “Apenas começar a aula mais tarde não é suficiente. A sociedade em geral, e jovens em particular, precisam começar a pensar no sono como algo sério.”
“Dormir não é um luxo nem um castigo, mas uma necessidade biológica fundamental, que envolve criatividade, produtividade, humor e a habilidade de interagir com os outros”
Isso porque biologia é só parte do problema. O uso das tais distrações do mundo moderno mencionadas no início da matéria – como TV, DVD, computador, videogame e celulares – pouco antes de dormir faz com que as pessoas prolonguem seu estado de alerta e demorem mais a cair no sono. Com um sono de pior qualidade, as pessoas tendem a ter problemas de concentração e memória, estresse, impulsividade, falta de empatia e de senso de humor, enumera o especialista.
Talvez de uma forma menos óbvia, completa Russel, a perda de sono é associada a mudanças metabólicas. “Pesquisas têm mostrado que a regulação de glicose no sangue foi muito prejudicada em jovens que dormiam até 4 horas por noite por seis noites seguidas. Nesses casos, o nível de insulina comparável com estágios iniciais de diabetes”, afirmou. Como se não bastasse, a privação do sono também está associada a obesidade e hipertensão. “Dormir não é um luxo nem um castigo, mas uma necessidade biológica fundamental, que envolve criatividade, produtividade, humor e a habilidade de interagir com os outros”, completa o neurocientista.
        POR PATRÍCIA GOMES
        Com New Scientist

quarta-feira, 5 de março de 2014

Como manter o foco durante a preparação para um concurso

Tempo para estudo

"Quero fazer um concurso que só tem 4 vagas para o meu estado, mas como trabalho bastante estudei pouco. O edital está previsto para sair até março e gostaria de saber se ainda dá tempo de estudar tendo em vista que a apostila tem mais de 300 páginas?", questiona a internauta Rejane Ferreira.

 A especialista em concursos Lia Salgado lembra que previsão de edital não é garantia de publicação, já que o edital pode sair antes ou depois do prazo. Segundo ela, a internauta ainda terá mais ou menos dois meses de estudo até a prova e que é possível se preparar.

"Eu sempre acho que vale a pena estudar, porque a gente não deve desistir das oportunidades antes de tentar, ainda mais se é um concurso do seu interesse", afirma.
A especialista indica que a internauta tente organizar sua rotina para descobrir o número de horas disponíveis para estudo. "Seria interessante dividir o tempo pelo número de matérias, para que seja possível estudar um pouco de cada matéria toda semana pode ser uma a cada dia", completa.

Quando o edital sair, os candidatos podem ver quais as disciplinas têm mais pontuação e focar o estudo nelas, ao invés de matérias que têm pontuação menor. Também é importante verificar qual instituição vai elaborar a prova e a partir daí buscar na internet provas de concursos anteriores com a mesma banca, que tenham as mesmas matérias. Resolver questões antigas (provas a partir de 2011) ajuda a conhecer o estilo de questões.

"Se você não for aprovada, sugiro que você escolha uma área de concursos e continue a estudar, pelas matérias básicas, para poder fazer uma preparação de qualidade antes do próximo concurso", diz Lia.





Tecnologia da informação

O internauta Valter Henrique está focando em concursos da área de tecnologia da informação, com salários acima de R$ 7 mil. O objetivo final são as vagas no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDES), Tribunal de Contas da União, Controladoria-Geral da União e Banco Central. "Por hora, estou prestando outros concursos para me acostumar com o ritmo e as provas, estou fazendo certo ou devo focar os estudos nesses concursos?"
A colunista lembra que todos os concursos possuem disciplinas específicas e ela teme que o internauta gaste tempo estudando matérias que não fazem parte do seu objetivo, em vez de adiantar e sedimentar as que são importantes para os seus concursos. "Com isso, quando sair um dos editais que realmente interessam, você pode não estar tão bem preparado", acrescenta.
Lia sugere que o internauta utilize uma semana para estudar as disciplinas específicas da área de tecnologia da informação e outra semana para as matérias mais comuns nesses concursos, como português, direito constitucional e direito administrativo.
"Dessa forma, o internauta foca no que realmente quer, se prepara e se qualifica ao invés de ficar atirando para todos os lados", diz a especialista.

Foco

"Um dos meu objetivos é prestar muitos concursos, porém como trabalho muito, tenho pouco tempo para estudar, qual seria a melhor forma para a solução deste problema?", pergunta o internauta Neto Alves.

"Fico preocupada quando você diz que quer prestar muitos concursos, porque me assusta que você fazer concursos muitos diferente e isso é uma boa forma de não ser aprovado", alerta Lia.
Segundo a colunista, o internauta deve escolher uma área de concursos e ver quais são as matérias que caem em quase todas as seleções para só então começar a estudar.
Por exemplo, neste ano existe uma grande previsão de vagas na área administrativa, que abrangem as disciplinas de português, direito constitucional, direito administrativo, raciocínio lógico e informática.
Mesmo que o internauta tenha pouco tempo para estudar, ele pode distribuir as matérias durante a semana e avançar aos poucos em cada uma das matérias.
"Com essa estratégia, o candidato vai aprendendo e sedimentando os novos conhecimentos e quando menos esperar, estará em boas condições para obter a aprovação", completa.

*Lia Salgado, colunista do G1, é fiscal de rendas do município do Rio de Janeiro, consultora em concursos públicos e autora do livro “Como vencer a maratona dos concursos públicos”